Monday, May 30, 2011

Na idade dos computadores

Discografia Kraftwerk - 21
'Computer World' (álbum), 1981



Se em 1978, ao editar The Man Machine, os Kraftwerk revelavam uma visão pop que abrira horizontes a toda uma nova geração de músicos quando, em 1981, apresentam o seu sucessor, já a pop feita com electrónicas havia ganho expressão por todo o mundo ocidental. Computer World segue a evolução natural dos acontecimentos, uma vez mais tomando uma ideia-conceito como base estrutural para a sua definição (desta vez a alvorada de uma nova era para os computadores, que começavam a entrar nas rotinas do quotidiano de várias profissões). Na arrumação das composições o disco aproxima-se contudo mais do modelo de Trans Europe Express, em lugar da simples colecção de novas canções de The Man Machine. Arrumado e limpo, o som revela sinais de progressão na produção. O alinhamento inclui “clássicos” como Computer World, Pocket Calculator e Numbers, canções que então conviveram nas rádios com as que os primeiros descendentes das visões dos Kraftwerk começavam a levar mundo fora.

Friday, May 27, 2011

O que nos espera em 2011 (3)


Não vão faltar reedições gourmet em 2011. E entre os títulos já anunciados, e com data de lançamento agendada para Março, encontra-se uma edição especial de Screamadelica, dos Primal Scream, disco originalmente apresentado em 1991 e um marco na história do relacionamento entre as linguagens do rock’n’roll e as então emergentes novas formas ligadas à música de dança. Entre as reedições já conhecidas para 2011 conta-se ainda uma edição dupla de Liverpool, o segundo álbum dos Frankie Goes To Hollywood. Deverão começar a chegar ao mercado, ainda este ano, reedições com som remasterizado dos discos a solo (ou via Wings) de Paul McCartney, seguindo o exemplo lançado por Band On The Run, em finais de 2010.

Sunday, May 22, 2011

O Natal "fake" do cinema

[Actividade Paranormal (2007), de Oren Peli]
No seu genial F for Fake (1975), Orson Welles bem nos avisou: o falso, não apenas a máscara teatral, mas o logro institucionalizado (e mediatizado, hélas!), iria impor-se como uma componente visceral, material e simbólica, do nosso universo. De tal modo que, hoje em dia, o fake passou a ser uma categoria de comunicação na Net.
Por vezes, é verdade, com saborosos desvios. Assim acontece na colecção de cartazes falsos propostos pelo blog "Rejecting sobriety" (cuja designação é, por si só, todo um programa). São cerca de duas dezenas de variações, incluindo os títulos, executadas para satisfazer o espírito da quadra natalícia — sugere-se um click nas imagens aqui reproduzidas e, sobretudo, a descoberta da colecção.

[Frost/Nixon (2008), de Ron Howard]

Thursday, May 19, 2011

Para cruzar tempos e fronteiras


O Grande Auditório da Fundação Gulbenkian recebe hoje, pelas 19.00 hortas, o segundo de dois encontros com Ute Lemper, num programa que deixa logo no título uma noção clara de viagem (no tempo e no espaço). ‘De Berlim a Paris’ junta num mesmo palco um desfile de composições que apontam (na sua maioria, porque há excepções) a memórias da primeira metade do século XX, a um tempo de invenção de um sentido de modernidade que assistiu a uma progressiva integração de elementos cruzados entre as heranças da tradição “clássica” e novas formas que ganhavam visibilidade em novos palcos, entre bares e cabarets, entre o jazz e novas visões no espaço da música popular. É entre estes caminhos e com Berlim e Paris como cenários para as evocações a convocar que Ute Lemper vai caminhar neste concento no qual será acompanhada pela Orquestra Gulbenkian, dirigida por Lawrence Foster. Entre compositores que frequentam habitualmente os palcos da música clássica como Franz von Suppé, Paul Hindemith ou Erik Satie, o incontornável Kurt Weill e visitas aos mundos de Jacques Brel, Edith Piaf ou Marlene Dietrich, Lisboa reencontra hoje Ute Lemper.