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Sunday, December 23, 2012

'Soundless Wind Chime' chega ao DVD


Um dos mais belos filmes da década dos zeros vai finalmente chegar a DVD numa edição com legendas em inglês. Trata-se de Soundless Wind Chime, primeira obra do realizador natural de Hong Kong, Kit Hung, numa narrativa que cruza figuras e cenários entre o Oriente e o Ocidente, em concreto entre Hong Kong e a Suíça. O filme, que foi exibido na edição de 2009 do festival Queer Lisboa, vai ter edição em DVD no Reino Unido em finais de Fevereiro, pela Pecadillo Pictures.

Monday, September 3, 2012

Manoel de Oliveira nas décadas de 1930/40


Dois filmes de Manoel de Oliveira estão de volta às salas e estreiam-se no DVD: a sua primeira curta-metragem, Douro, Faina Fluvial [foto em cima], e a primeira longa, Aniki-Bóbó — este texto foi publicado no Diário de Notícias (12 de Dezembro), com o título 'Nas margens do Douro com Manoel de Oliveira'.

Em 1931, nos EUA, Greta Garbo impunha o seu mistério em Mata Hari, enquanto Chaplin lançava Luzes da Cidade. Em França, Jean Renoir dirigia La Chienne, com Michel Simon. Na URSS, Entusiasmo, de Dziga Vertov, era um dos acontecimentos do momento. E em Portugal? Pois bem, Manoel de Oliveira rodava Douro, Faina Fluvial.
Num país em que a formação audiovisual dos espectadores está, há mais de três décadas, dominada pelos padrões narrativos, estéticos e morais das telenovelas, é bom saber que Douro, Faina Fluvial está de volta às salas, em complemento de Aniki-Bóbó (1942), primeira longa-metragem de Oliveira. De facto, não é todos os dias que os clássicos (portugueses ou não) regressam aos ecrãs de cinema. É verdade que a proliferação de vias alternativas de consumo, incluindo o DVD e a televisão por cabo, desqualificou as salas como via primordial de acesso às memórias do cinema; em todo o caso, o renovado impacto de muitos clássicos (no DVD, em particular) faz com que seja admissível que essas mesmas salas possam recuperar muitos filmes “antigos”. Esta exibição, em cópias restauradas (com edição simultânea em DVD), representa um gesto importante nesse sentido.
Numa cultura audiovisual em que o mais corrente efeito de verdade é o do repórter que nos quer impor a sua imaculada “objectividade” (de microfone na mão e olhar na câmara), o trabalho de Oliveira continua a possuir uma notável capacidade de desafiar a formatação das imagens dominantes. Marcado pelas vanguardas da época, Oliveira filmava a vida nas margens do rio Douro através de um misto de espontaneidade e abstracção: por um lado, cultivando um olhar documental atento à vibração das relações e gestos humanos; por outro lado, procurando contrastes e ritmos indisso-ciáveis do espaço/tempo cinematográfico.
A versatilidade do seu olhar está bem expressa nas semelhanças e diferenças que podemos encontrar na fábula sobre a infância que é Aniki-Bóbó. A sua dimensão poética nasce, afinal, da mesma intensidade documental, como se Oliveira nos dissesse que o cinema não pode deixar de ser esse maravilhoso paradoxo que se cola às matérias humanas, reproduzindo-as e mascarando-as, devolvendo-as ao nosso olhar, mas também projectando-as (literalmente, hélas!) numa nova paisagem tecida de transparência e sonho.
A reposição de Douro, Faina Fluvial e Aniki-Bóbó representa, assim, um pequeno grande acontecimento em defesa das nossas memórias. Não se trata de promover o trabalho de Oliveira como modelo “obrigatório” seja do que for. Bem pelo contrário: a vitalidade de qualquer cinema (e, já agora, também de qualquer televisão) passa sempre pela afirmação de um vasto leque de singularidades. Mais de seis décadas passadas sobre a sua rodagem, estes são filmes que nos convocam em nome do nosso presente, desafiando-nos para as ambivalências do tempo.

Friday, August 10, 2012

Para (re)descobrir 'Metropolis'


Tem já edição local em DVD a versão restaurada de Metropolis, filme clássico de Fritz Lang e uma das obras-primas do cinema mudo, numa edição com dois discos (e bons extras).


Obra maior da história do cinema e um dos títulos fundadores do cinema de ficção científica, Metropolis foi na verdade um “caso” difícil antes do tempo lhe reconhecer o estatuto que hoje é universalmente atribuído a este filme de Fritz Lang originalmente estreado em 1927. A história, que se desenrola numa cidade do futuro que divide os espaços entre a população ócios, que vive à superfície, e a trabalhadora, que nos subterrâneos garante o bem estar aos primeiros (na verdade não mais senão uma variação socialmente vitaminada de uma visão já antes proposta por H.G. Wells na sua Máquina do Tempo) juntava ainda outros ingredientes, entre os quais uma pitada de aqruitectura futurista, um sub-texto religioso e tecnologia quanto baste. Mas de tão longo que ero o filme, a distribuidora optou desde logo por um corte, aos ecrãs do mundo inteiro tendo então chegado essa versão de metragem reduzida. Durante anos foi esse o Metropolis que se conhecia, a versão integral original entretanto dada como perdida (e em alguns restauros recentes os momentos em falta sendo substituídos por inserções de texto que, por conhecido o guião, permitiram uma ideia do que estaria em falta...

Tudo mudou quando, em 2008, de um arquivo cinematográfico argentino chegou a notícia da descoberta de uma versão integral do filme. Novamente restaurado, integrando as cenas em falta (algumas com uma qualidade de imagem inferior, mal menor para quem pretenda reencontrar a visão original de Fritz Lang), Metropolis começou por ser exibido em grandes ecrãs (foi visto na 60ª Berlinale, há precisamente um ano. Se as cenas agora adicionadas puderam ser entendidas como “cortáveis”, não afectando profundamente o âmago do relato da narrativa, a verdade é que acrescentam muito à caracterização não apenas das personagens mas sobretudo à visão de uma cidade estratificada que era afinal a base para a história idealizada e filmada por Fritz Lang. Agora a versão completa do filme chega ao DVD numa edição dupla que lhe acrescenta ainda documentários que não só relatam esta descoberta recente como a história de Metropolis, referindo ainda o retrato o contexto em que o filme nasceu.

Saturday, July 7, 2012

Novas edições: Regina Spektor, Live In London


Regina Spektor
“Live In London”

Sire Records / Compact Records

4 / 5


Como a própria descreve no texto que podemos ler no booklet que acompanha esta edição, não podia ter corrido pior o concerto que, em Londres, em finais de 2009, serviu para captar (em áudio e vídeo) a então presente digressão de Regina Spektor. Em primeiro lugar, explica, “não havia pressão”... Depois confessa não ter dormido na véspera e ter feito promoção ao longo de todo o dia. Em palco, os microfones dentro do piano soltaram-se (pela primeira vez em anos de concertos). E conta que fez erros que habitualmente não comete. Ou seja, e como remata, “nada de pressão”. O certo é que, os “erros” de que fala Regina Spektor não são mais senão o tempero que faz de cada noite de espectáculo mais que uma mera repetição (não é por acaso que os franceses chamam aos ensaios, e não às digressões, “repetition”). Ao piano, e com um pequeno ensemble de músicos em palco, Regina Spektor deu em Londres um concerto que, pelo que podemos ouvir no CD (e completar, depois, vendo o DVD) nos parece, no mínimo, um feliz momento de memorável encontro de uma plateia com uma das grandes cantautoras do nosso tempo. O alinhamento corre entre álbuns evocando exemplos vários de pérolas de composição para voz e piano, revelando aqui uma herdeira de tradições em tempos já partilhadas por figuras como Kate Bush ou Tori Amos, todavia frisando uma personalidade vincada que de si cedo fez uma figura com alma criativa claramente demarcada. Versátil nas formas (o que se sente nos arranjos), junta a esse tronco central de referencias outros espaços, da folk à pop (o seu hino pop Dance Anthem Of The 80’s traduzindo-se em palco como um verdadeiro party number que nada destoa entre um alinhamento essencialmente intimista). Um magnífico retrato de um concerto (os “erros”, se é que existem, nem damos por eles), Live In London pode ser uma chamada de atenção para uma voz que seria bom trazer a palcos aqui por perto e, ao mesmo tempo, também um belo cartão de visita para quem ainda não aderiu à música de Regina Spektor.

Thursday, May 3, 2012

Redescobrindo as origens de Manoel de Oliveira


Aleluia! A ficção portuguesa também tem memórias!
A reposição de Aniki-Bóbó (1942), de Manoel de Oliveira, é um pequeno grande acontecimento, permitindo-nos revisitar um clássico que cultiva a fábula partir de um gosto paradoxal pelo realismo estrito do quotidiano. Aliás, o facto de Douro, Faina Fluvial (1931) servir de complemento a Aniki-Bóbó [pequeno extracto em video] permite-nos compreender também que as origens de Oliveira envolvem, desde logo, um jogo ambíguo, potencialmente perverso, entre ficção e documentário. Ponto não secundário: este relançamento (e a edição paralela em DVD) acontece a partir de cópias exemplarmente restauradas, relembrando-nos que é bom preservar e cultivar o nosso património audiovisual.

Sunday, January 29, 2012

Dudamel em DVD antes de nova visita

Foi editado em DVD o registo do concerto inaugural da temporada 2010/2011 da Los Angeles Philarmonic, que tem, pelo segundo ano, o venezuelano Gustavo Dudamel como director artístico. O concerto juntou a voz de Juan Diego Flórez à orquestra, interpretando obras de Rossini, Granada, Moncayo e Gutiérrez, com Verdi e Donizetti em encore. Recorde-se que, ainda este mês, Dudamel visitará novamente Lisboa, desta vez com a Los Angeles Philarmonic, para dois concertos nos dias 22 e 23 no Grande Auditório da Gulbenkian.

Friday, November 4, 2011

"Playtime" em 70 mm


Não é exactamente uma novidade... em boa verdade, tem mais de 40 anos. Mas é um evento de tal modo raro que merece ser assinalado, mesmo acontecendo do outro lado do Atlântico: em Nova Iorque, o Museum of the Moving Image vai voltar a exibir Playtime (1967), de Jacques Tati, numa cópia de 70 mm — o formato, muito utilizado nas superproduções dos anos 60, caíu praticamente em desuso. Curiosamente, a Criterion Collection, editora americana do filme em DVD, surge associada a essa exibição, a provar, afinal, como hoje em dia se reabrem as mais inesperadas hipóteses de articulação entre salas escuras e suportes "alternativos". A passagem de Playtime integra-se no programa de reabertura ao público daquela instituição e, mais concretamente, na inauguração de uma nova sala equipada com projecção digital e 3D.