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Saturday, January 19, 2013
E eis que começam os prémios...
Começa a temporada dos prémios de cinema. E The Social Network, de David Fincher, acaba de ser designado como filme do ano pela Los Angeles Film Critics Association. David Fincher partilhou com Olivier Assayas (este com Carlos) a distinção de Melhor Realizador. Colin Firth foi Melhor Actor pelo seu papel em The King’s Speech. A Melhor Actriz foi Kim Hye-ja, no filme sul-coreano Mother. Toy Story 3 venceu na categoria de melhor filme de animação.
Tuesday, May 15, 2012
Século XXI — ser ou não ser (2/2)
Na sua edição de 5 de Dezembro, a revista "Notícias Magazine", do Diário de Notícias, foi dedicada às ideias que dominaram a primeira década do século XXI, organizadas a partir de nove temas: Ambiente / Crise / Redes Sociais / Mulher / Justiça / Eu / Terrorismo / Genoma — esta é a segunda parte do texto que escrevi, para ilustrar o tema "Eu", com o título 'Depois do apocalipse'.
[ 1 ] Veja-se como a mais banal “personalização” e, sobretudo, os seus excessos e disparates foram promovidos à condição de espelho da democracia. Desde logo, online. A blogosfera, porventura a mais contraditória e fascinante invenção da celebração contemporânea do “Eu”, é também um dos espaços mais corrompidos pela confusão entre os confrontos da comunicação e a obscenidade dos conflitos: mentir, difamar e insultar o(s) outro(s) é mesmo frequentemente celebrado como apoteose do diálogo democrático. Faça-se um blog sem comentários e aguardem-se as reacções: haverá sempre quem, ofendido em nome do “transparência” da Internet, garanta que a democracia não está a ser devidamente satisfeita.
Há um preço radical que vamos pagando com tudo isto, e por tudo isto: é o da trágica decomposição da Política como espelho nobre das nossas diferenças, e também da nossa capacidade de diálogo. As esmagadoras percentagens de abstencionistas nos actos eleitorais são disso o sinal mais evidente, tristemente recalcado por quase todos actores da vida política (e também, claro, pelo reaccionarismo filosófico das televisões, apenas empenhadas em gerir a sua realidade alternativa). Neste mundo saturado de ilusões de oportunidades para dizermos “eu” e proclamarmos a nossa “individualidade”, tornou-se cada vez mais problemático fazer passar o valor mais clássico, e também mais visceral, da política: Nós.

Porventura não por acaso, em 1999, portanto nas vésperas do século XXI, um filme de David Fincher, Clube de Combate (baseado no livro homónimo de Chuck Palahniuk), legou-nos um herói emblemático deste apocalipse identitário: Tyler Durden (interpretado por Brad Pitt) é esse jovem sem juventude que promove combates em que a única regra é... não haver regras. Se for caso disso, até à morte dos lutadores. Porquê? Por nada. A não ser, talvez, a transparência gélida de uma nova religião sem deuses. É ele que o diz: “Só podemos ressuscitar depois do desastre.”
Ainda assim, na sua fúria destrutiva, Tyler Durden conserva a paixão da palavra poética. É um herói do nosso presente, mas com raízes num tempo primitivo, clássico e político. Será que nos vamos esquecer desse tempo em que havia amigos sem estar online? Era um tempo em que outro poeta, Herberto Helder, escrevia: “Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.”
Thursday, February 9, 2012
"The King's Speech" lidera nomeações para os Globos
The King's Speech — sobre o Rei Jorge VI e a sua luta para vencer a gaguez, em particular nas cerimónias públicas —, é o filme com maior número de nomeações para a 68ª edição dos Globos de Ouro da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood: é candidato em sete categorias, incluido melhor filme/drama, melhor realizador (Tom Hooper) e melhor actor (Colin Firth). Na contabilidade das nomeações, seguem-se The Fighter, de David O. Russell, e A Rede Social, de David Fincher, ambos com seis. Todos eles integram o lote de candidatos ao Globo de melhor filme/drama:
* BLACK SWAN, de Darren Aronovsky
* THE FIGHTER, de David O. Russell
* A ORIGEM, de Christopher Nolan
* THE KING'S SPEECH, de Tom Hooper
* A REDE SOCIAL, de David Fincher
Dos cinco candidatos a melhor filme/comédia ou musical, Os Miúdos Estão Bem, de Lisa Cholodenko, consegue o maior número de nomeações (quatro) — são eles:
* ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS, de Tim Burton
* BURLESQUE, de Steven Antin
* OS MIÚDOS ESTÃO BEM, de Lisa Cholodenko
* RED - PERIGOSOS, de Robert Schwentke
* THE TOURIST, de Florian Henckel von Donnersmarck
A lista integral de nomeações, que integra também séries e telefilmes, pode ser consultada no site da associação. A entrega dos prémios está marcada para o dia 16 de Janeiro, no Beverly Hilton Hotel.
Friday, December 23, 2011
David Fincher premiado pelos críticos de Nova Iorque
David Fincher e o seu filme sobre o nascimento do Facebook, A Rede Social, dominaram os prémios do National Board of Review of Motion Pictures, organização de Nova Iorque, tradicionalmente reconhecida como uma das mais importantes do jornalismo crítico dos EUA. Além do prémio de melhor filme do ano, A Rede Social foi ainda distinguido nas categorias de melhor realizador, melhor actor (Jesse Eisenberg) e melhor argumento adaptado (Aaron Sorkin). A lista completa dos premiados está disponível no site da NBR.
Tuesday, August 16, 2011
Material Glee
A série Glee envolve uma estimulante aposta na revisitação do património musical do cinema. E também na recriação de grandes referências pop — este texto foi publicado no Diário de Notícias (27 de Dezembro), com o título '"Glee" reinventa música de Madonna"'.
Pelo menos desde a década de 60, depois de filmes emblemáticos como West Side Story (1961), My Fair Lady (1964) ou Hello, Dolly! (1969), o grande espectáculo cinematográfico vive assombrado por uma angústia estética aparentemente sem solução: será possível refazer o fulgor clássico do género musical? Tentativas não têm faltado, algumas brilhantes, a maior parte mais ou menos desastradas. Em boa verdade, para além dos talentos envolvidos, falta algo de essencial: uma base de produção estável (como a que existiu nas décadas de 1940/50, em Hollywood), capaz de sustentar todas as componentes técnicas e artísticas que o musical exige.
Ao longo de 2010, a série televisiva Glee, do canal americano Fox, constituiu uma resposta insólita, paradoxal e, em muitos aspectos, fascinante. Retratando alunos e professores de um colégio em que a actividade musical é determinante, Glee possui essa consistência de produção (televisiva), ao mesmo tempo que aposta numa visão multifacetada das matérias musicais que, para além da mera “cópia”, sabe integrar muitos valores do património clássico.
Uma pequena obra-prima de Glee serve para ilustrar a sua peculiar energia: escrito e dirigido por Ryan Murphy (um dos criadores da série), o episódio nº15 da primeira temporada, intitulado “O Poder de Madonna”, consegue reinventar o património musical da Material Girl, ao mesmo tempo que celebra, com irónica precisão, a sua singular defesa da individualidade afectiva e sexual. A primeira difusão ocorreu, nos EUA, a 20 de Abril; entre nós, surgiu há poucos dias no canal Fox Life (que começará a emitir a segunda temporada no dia 9 de Janeiro).
Como seria inevitável, Glee passa por alguns dos clássicos com que Madonna transfigurou a paisagem da música pop, incluindo Like a Prayer, Express Yourself e Vogue, este recriado mesmo em formato de teledisco, citando, imagem a imagem, o original realizado por David Fincher [video em baixo: Jane Lynch comenta a rodagem].
Em todo o caso, o resultado está muito longe de uma mera colagem de hits: “O Poder de Madonna” funciona como uma câmara de eco da simbologia inerente ao universo de Madonna, a começar pela drástica interrogação dos (des)equilíbrios tradicionais entre masculino e feminino.
Em todo o caso, o resultado está muito longe de uma mera colagem de hits: “O Poder de Madonna” funciona como uma câmara de eco da simbologia inerente ao universo de Madonna, a começar pela drástica interrogação dos (des)equilíbrios tradicionais entre masculino e feminino.
Somos confrontados, por exemplo, com What it Feels Like for a Girl, belíssimo hino de exaltação do feminino, agora cantado por um muito (auto)crítico coro de rapazes. Além do mais, a encenação de Like a Virgin fica para a história: Glee apresenta a canção interpretada por vários pares em exuberante actividade sexual, para acabar por revelar toda a encenação como um artifício de espectáculo cujo contraponto é uma contida ausência de sexo. Sobra o quê? O medo e a sua ironia. E convenhamos que não é todos os dias que alguém tem a honestidade moral de reconhecer que o medo do sexo é essencial para compreendermos o fulgor artístico de Madonna.
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