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Friday, March 23, 2012

"O Escritor Fantasma" domina prémios europeus


Este é o palco dos Prémios do Cinema Europeu, no Nokia Concert Hall, em Tallinn, capital da Estónia, dominado pela imagem de Roman Polanski (via satélite, a partir da Suíça) — na noite de 4 de Dezembro, O Escritor Fantasma sagrou-se grande vencedor da 23ª edição dos prémios da Academia de Cinema Europeu, obtendo seis distinções, incluindo melhor filme, melhor realizador (Polanski) e melhor actor (Ewan McGregor). Eis a lista completa de vencedores:

* FILME EUROPEU 2010
O Escritor Fantasma (França/Alemanha/Reino Unido), de Roman Polanski

* REALIZADOR EUROPEU 2010
Roman Polanski, por O Escritor Fantasma

* ACTRIZ EUROPEIA 2010
Sylvie Testud, em Lourdes (Áustria/França/Alemanha)

* ACTOR EUROPEU 2010
Ewan McGregor, em O Escritor Fantasma

* ARGUMENTISTA EUROPEU 2010
Robert Harris & Roman Polanski, por O Escritor Fantasma

* DIRECTOR DE FOTOGRAFIA 2010 / PRÉMIO CARLO DI PALMA
Giora Bejach, por Líbano (Israel/Alemanha/França)

* MONTADOR EUROPEU 2010
Luc Barnier & Marion Monnier, por Carlos (França/Alemanha)

* DESIGNER EUROPEU 2010
Albrecht Konrad, por O Escritor Fantasma

* COMPOSITOR EUROPEU 2010
Alexandre Desplat, por O Escritor Fantasma

* REVELAÇÃO EUROPEIA 2010 / PRÉMIO FIPRESCI
Líbano, de Samuel Maoz

* DOCUMENTÁRIO EUROPEU 2010 / PRÉMIO ARTE
Nostalgia de la Luz (França/Alemanha/Chile), de Patricio Guzmán

* FILME EUROPEU DE ANIMAÇÃO 2010
L'Illusioniste (França/Reino Unido), de Sylvain Chomet
[trailer em baixo]

* CURTA-METRAGEM EUROPEIA 2010
Hanoi - Warszawa (Polónia), de Katarzyna Klimkiewicz

* CO-PRODUTOR EUROPEU 2010 / PRÉMIO EURIMAGES
Zeynep Özbatur Atakan (produtor)

* PRÉMIO EUROPEU DE CARREIRA 2010
Bruno Ganz (actor)

* PRÉMIO EUROPEU DE CARREIRA INTERNACIONAL 2010
Gabriel Yared (compositor)

* PRÉMIO DO PÚBLICO 2010
Mr. Nobody (Bélgica/França/Alemanha/Canadá), de Jaco van Dormael


>>> Site oficial dos Prémios do Cinema Europeu.

Saturday, February 25, 2012

Prémios do Cinema Europeu... como?


Esta é a sala da capital da Estónia onde se vai realizar a cerimónia dos 23ºs Prémios do Cinema Europeu, um evento quase ignorado pela... Europa — este texto foi publicado no Diário de Notícias (29 de Novembro), com o título 'Que prémios do cinema europeu?'.

No próximo sábado (4 de Dezembro), no Nokia Concert Hall [foto] de Tallinn, capital da Estónia, realizar-se-á a 23ª cerimónia dos Prémios do Cinema Europeu. Promovidos pela Academia de Cinema Europeu, são muitas vezes referidos como os “Oscars” da Europa. Dito de outro modo: pelo menos no plano simbólico, são os mais importantes na dinâmica da produção cinematográfica europeia. Em todo o caso, a designação envolve uma dramática ironia. De facto, vale a pena perguntar: nos últimos tempos, quantas referências informativas já vimos a estes prémios?
Em boa verdade, a cobertura jornalística dos prémios europeus (antes e depois da sua realização) é sempre muito escassa. Basta repararmos no contraste com o que está a acontecer há várias semanas em torno dos Oscars (marcados apenas para 27 de Fevereiro de 2011): na prática, começaram a proliferar notícias e especulações sobre candidatos. Há mesmo todo um estilo jornalístico, com grande representação na Internet, que menospreza tudo o que tenha a ver com cinema europeu, ao mesmo tempo que celebra as mais anedóticas peripécias de Hollywood (não poucas vezes, fazendo coexistir tudo isso com o mais primário anti-americanismo político).
Escusado será dizer que nenhum pretexto, nem mesmo as feridas interiores do cinema europeu, justifica que minimizemos a fascinante energia criativa do actual cinema americano. Do mesmo modo, seria pura demagogia atribuir os problemas de divulgação da produção europeia apenas às vertentes mais medíocres do trabalho jornalístico. A questão de fundo (e tem pelo menos 23 anos...) é a extrema dificuldade que as estruturas europeias do cinema revelam na promoção dos seus próprios valores e produtos.
Claro que, para além das singularidades políticas de cada país, nada disto pode ser desligado de uma ideia fraca (politicamente fraca, antes do mais) que quase ninguém quer enfrentar: a noção corrente de “cinema europeu” é tanto mais inoperante quanto não corresponde a nada de economicamente forte e consolidado. É espantoso, aliás, como se continua a acreditar que é possível promover os filmes europeus por razões “patrióticas”, sem discutir, de forma séria e construtiva, o poder de algumas empresas americanas nos mercados europeus.
Dito isto, convirá não esquecer que O Escritor Fantasma, de Roman Polanski [foto], surge como o título mais forte entre os candidatos, com sete nomeações, incluindo melhor filme, melhor realizador e melhor actor (Ewan McGregor). Polanski já foi, aliás, homenageado pela Academia de Cinema Europeu, tendo recebido em 2006 o prémio de carreira. E porque é salutar pensar as contradições do cinema também através dos seus muitos cruzamentos, convém lembrar que, apesar de impedido de entrar nos EUA, Polanski recebeu o Oscar de melhor realizador de 2002, com o filme O Pianista.

>>> Site dos Prémios do Cinema Europeu.
>>> Site da Academia de Cinema Europeu.

Saturday, December 17, 2011

Prémios do Cinema Europeu... nas televisões?


Confirmando uma tradição profundamente negativa, os Prémios do Cinema Europeu aconteceram quase clandestinamente, sem que a maioria dos meios de comunicação se esforçasse, ao menos, por referir a sua importância simbólica. Daí que, mais do que nunca, se justifique uma reflexão sobre o papel que esses meios, em geral, e as televisões, em particular, têm — ou poderiam ter — numa dinâmica verdadeiramente europeia da produção cinematográfica — este texto tem por base uma crónica de televisão publicada no Diário de Notícias (3 de Dezembro), com o título 'Cinema sem audiência'.

Os Prémios do Cinema Europeu ocorreram no sábado (4 Nov.) na capital da Estónia, Tallinn. Foi a 23ª edição dos chamados “Oscars” do cinema europeu. Cumprindo uma funesta tradição, temos sabido muito pouco da sua realização através das televisões. Aliás, esse silêncio devorador contamina quase toda a imprensa, em claro contraste com a cobertura dos Oscars de Hollywood (a três meses de distância da respectiva cerimónia).
Uma vez mais, são irrelevantes os discursos militantes em defesa da “identidade” do cinema europeu (como são patéticos os que tentam minimizar a riqueza artística de Hollywood). O que está em jogo é, precisamente, o débil poder mediático dessa “identidade” e a indiferença quase global das televisões às suas peculiaridades culturais e económicas — sem esquecer que qualquer cultura se articula sempre com opções de natureza económica.
Sabemos que não acontece assim em todo o continente europeu. Para nos ficarmos pelos exemplos mais óbvios, citemos o ancestral envolvimento da BBC com a indústria cinematográfica, ou ainda o modo como, desde os tempos do ministro Jack Lang, a França foi construindo uma rede de produção que tende a implicar todos os canais de televisão — com inevitável destaque para o Arte, projecto franco-alemão que tem a relação com o cinema como um dos seus pilares conceptuais e financeiros.
Para além de opções de fundo que nunca foram tomadas — e que são, inevitavelmente, de natureza política —, o drama desta situação passa, como é óbvio, pela informação. Assim, o noticiário cinematográfico, além de escasso, tende a favorecer o anedótico e o pitoresco. Sem surpresa, convenhamos: tendo sido o cinema empurrado, na maior parte dos casos, para horários noctívagos, o seu esvaziamento jornalístico limita-se a ecoar os valores dominantes das programações.
Claro que há sempre esse discurso demagógico que nos garante que o “público” prefere ver telenovelas... Certamente. Em todo o caso, fica uma sugestão construtiva: que se programem filmes às nove da noite e novelas às duas da madrugada antes de voltarmos a discutir a “verdade” das audiências.