Saturday, December 31, 2011

Não bem é uma canção de Natal...


Chamam-se Golden Filter, editaram um álbum há alguns meses e acabam de propor um EP para o qual gravaram uma versão de White Nights, um original dos Psychic TV. Aqui fica o teledisco.

Tuesday, December 27, 2011

O choque do presente


Tal como na música cada vez mais estão esbatidas as antigas fronteiras entre géneros, também no cinema as linguagens tendem hoje a diluir-se entre si. Tal como em Atanarjuat – O Corredor, de Zacharias Knut, em Tulpan cruzam-se pontos de vista. Mas, e mesmo seguro de uma linha narrativa de ficção que o suporta, Tulpan não esconde um olhar assinado por quem, até aqui, ao olhar o mundo com uma câmara, o projectava na forma de documentários.


Sergey Dvortsevoy, natural do Cazaquistão, tem já uma obra repartida entre curtas e médias-metragens, e um currículo que conta com prémios em festivais de cinema documental em Leipzig ou Lyon. Tulpan, que na passada semana estreou entre nós (e passou numa das edições anteriores do Estoril Film Festival) foca o seu olhar no espaço fisicamente desolado da estepe cazaque, tomando como centro de gravidade uma família nómada que cria ovelhas e dois jovens em plena idade dos sonhos. Asa está de regresso depois de cumprido o serviço militar na marinha e sabe que só terá o seu rebanho de ovelhas depois de casar. Tulpan é a mulher com quem sonha viver. Um terceiro elemento em cena é Boni, que surge recorrentemente do nada que é a vastidão sovada pelo vento da estepe, inevitavelmente ao som doe Rivers Of Babylon, dos Boney M.

Entre o sonho de uma vida familiar segundo os ecos da tradição e a “alternativa” urbana que se coloca hoje no horizonte de muitos jovens cazaques, Tulpan olha o texto da narrativa que nos propõe tomando o contexto (geográfico e antropológico) com peso igualmente protagonista. Não é como um documentário com histórias (de ficção) de gente dentro. Antes uma reflecção que parte de figuras e trama ficcionadas que, na verdade, observa de perto o conflito que o presente coloca perante a vida de quem carrega uma “genética” quotidiana plena de hábitos de outros tempos.



Imagens do trailer de Tulpan.

Friday, December 23, 2011

David Fincher premiado pelos críticos de Nova Iorque


David Fincher e o seu filme sobre o nascimento do Facebook, A Rede Social, dominaram os prémios do National Board of Review of Motion Pictures, organização de Nova Iorque, tradicionalmente reconhecida como uma das mais importantes do jornalismo crítico dos EUA. Além do prémio de melhor filme do ano, A Rede Social foi ainda distinguido nas categorias de melhor realizador, melhor actor (Jesse Eisenberg) e melhor argumento adaptado (Aaron Sorkin). A lista completa dos premiados está disponível no site da NBR.

Tuesday, December 20, 2011

Música para uma câmara de filmar


O cinema de Dziga Vertov foi já por várias vezes visitado por inúmeros músicos, o desafio de dar novos sons a imagens que sem eles nasceram de resto projectando-se através das obras de tantos outros cineastas do mundo, de Dreyer ou Murnau a Fritz Lang, entre muitos outros mais. Vertov é uma vez mais o ponto de partida para uma abordagem feita de sons, desta vez pelo compositor britânico Michael Nyman.

Em tempos tendo conhecido uma estreita relação com o cinema de Peter Greenaway (para quem assinou uma extensa obra musical, passando por filmes como A Zed And Two Noughts ou The Cook, The Thief, His Wife and Her Lover), Michael Nyman tinha já em tempos criado uma banda sonora para o clássico O Homem da Câmara de Filmar, obra-prima do mudo e o filme mais citado da filmografia de Vertov. Um reencontro com a obra do cineasta russo levou-o a criar música para os filmes, respectivamente de 1926 e 28 Shestaya chast mira (habitualmente apresentado com o título em inglês Sixth Part Of The World) e Odinnadtsatyy (The Eleventh Year). Tal como O Homem da Câmara de Filmar são títulos que ajudaram a definir uma linguagem documental mais poética que feita de prosa, o olhar da câmara de Vertov e a sua forma de sequenciar e montar imagens sendo reconhecida pelo próprio Michael Nyman como tendo afinidades com o trabalho de um compositor. De resto, num texto sobre os dois filmes (feito para a sua recente edição em DVD, com a música de Nyman), recordam-se textos publicados à época da estreia de Sixth Part Of The World, que o tratam como “poema de factos” e “uma sinfonia em cinema”. Referência central do minimalismo europeu (a cunhagem do termo ‘minimalismo’ é, de resto, de sua autoria, Michael Nyman reencontra na música que criou para estes dois filmes alguma da cor sinfonista, ritmicamente vibrante e melodicamente luminosa que recordamos de algumas das suas bandas sonoras para os primeiros filmes de Greenaway. Não será um mundo de surpresas, mas por aqui moram alguns dos melhores momentos da obra recente do compositor.

Saturday, December 17, 2011

Prémios do Cinema Europeu... nas televisões?


Confirmando uma tradição profundamente negativa, os Prémios do Cinema Europeu aconteceram quase clandestinamente, sem que a maioria dos meios de comunicação se esforçasse, ao menos, por referir a sua importância simbólica. Daí que, mais do que nunca, se justifique uma reflexão sobre o papel que esses meios, em geral, e as televisões, em particular, têm — ou poderiam ter — numa dinâmica verdadeiramente europeia da produção cinematográfica — este texto tem por base uma crónica de televisão publicada no Diário de Notícias (3 de Dezembro), com o título 'Cinema sem audiência'.

Os Prémios do Cinema Europeu ocorreram no sábado (4 Nov.) na capital da Estónia, Tallinn. Foi a 23ª edição dos chamados “Oscars” do cinema europeu. Cumprindo uma funesta tradição, temos sabido muito pouco da sua realização através das televisões. Aliás, esse silêncio devorador contamina quase toda a imprensa, em claro contraste com a cobertura dos Oscars de Hollywood (a três meses de distância da respectiva cerimónia).
Uma vez mais, são irrelevantes os discursos militantes em defesa da “identidade” do cinema europeu (como são patéticos os que tentam minimizar a riqueza artística de Hollywood). O que está em jogo é, precisamente, o débil poder mediático dessa “identidade” e a indiferença quase global das televisões às suas peculiaridades culturais e económicas — sem esquecer que qualquer cultura se articula sempre com opções de natureza económica.
Sabemos que não acontece assim em todo o continente europeu. Para nos ficarmos pelos exemplos mais óbvios, citemos o ancestral envolvimento da BBC com a indústria cinematográfica, ou ainda o modo como, desde os tempos do ministro Jack Lang, a França foi construindo uma rede de produção que tende a implicar todos os canais de televisão — com inevitável destaque para o Arte, projecto franco-alemão que tem a relação com o cinema como um dos seus pilares conceptuais e financeiros.
Para além de opções de fundo que nunca foram tomadas — e que são, inevitavelmente, de natureza política —, o drama desta situação passa, como é óbvio, pela informação. Assim, o noticiário cinematográfico, além de escasso, tende a favorecer o anedótico e o pitoresco. Sem surpresa, convenhamos: tendo sido o cinema empurrado, na maior parte dos casos, para horários noctívagos, o seu esvaziamento jornalístico limita-se a ecoar os valores dominantes das programações.
Claro que há sempre esse discurso demagógico que nos garante que o “público” prefere ver telenovelas... Certamente. Em todo o caso, fica uma sugestão construtiva: que se programem filmes às nove da noite e novelas às duas da madrugada antes de voltarmos a discutir a “verdade” das audiências.

Wednesday, December 14, 2011

Novas edições: Duran Duran, From Mediterranea With Love


Duran Duran
“From Mediterranea With Love” EP

Skin Divers / iTunes

3 / 5


Editado na recta final de 2010, All You Need Is Now revelou uns Duran Duran revigorados pela presença a bordo (como produtor) de Mark Ronson. O disco, que revela a melhor colecção de canções que o grupo edita desde o “clássico” álbum Rio, de 1982, acaba também por reflectir o que o próprio Ronson descreveu como o sucessor desse álbum que os Duran Duran não tinham nunca chegado a criar. Com lançamento exclusivamente digital (a edição física está pensada para ocorrer em Fevereiro), All You Need Is Now revelou-se um considerável sucesso nas vendas (de música online, entenda-se), tendo chegado a passar pelo primeiro lugar de tabelas de vendas da loja iTunes em alguns países (entre os quais Portugal). Complemento directo a All You Need Is Now, poucos dias depois, e também apenas com edição digital, chegava o EP From Mediterranea With Love. O disco apresenta apenas um tema inédito – Mediterranea (que deverá integrar o alinhamento a versão física de All You Need Is Now) – no qual reencontramos mais um bom exemplo de feliz colaboração entre banda e produtor, numa composição mid tempo cenicamente bem elaborada. A Mediterranea o EP junta depois duas (claramente menos entusiasmantes) gravações ao vivo de Ordinary World e (Reach Up For The) Sunrise. Oportunidade perdida aqui para, havendo vontade de usar registos live, juntar peças do chamado electro set da digressão que se seguiu ao anterior Red Carpet Massacre (a versão de Warm Leatherette dos The Normal, cruzada com All She Wants Is, por exemplo, seria peça mais apelativa que novas visões de dois temas já algo “estafados” na memória Duran Duran).

Sunday, December 11, 2011

Em conversa: MGMT (1)


Iniciamos hoje a publicação de uma entrevista com Ben Goldwasser dos MGMT, que serviu de base ao texto ‘O desafio de encontrar quem resista às modas’, publicado na ediçãoo de 18 de Dezembro do DN Gente.

Muitos ficaram surpreendidos com o que revelaram em Congratulations, o vosso segundo álbum... Acha que as pessoas esperam que as bandas se repitam?
É verdade, e isso acontece mesmo muitas vezes. Por vezes as bandas até aproveitam para capitalizar um pouco com um segundo álbum parecido com o anterior, mas as pessoas eventualmente podem depois fartar-se disso... Porque então parece que uma banda não tem nada mais para dizer e as pessoas seguem depois em busca de outra...

Houve quem descrevesse o vosso segundo disco como suicídio comercial...
Não estamos a tentar ser comerciais. Para mim o suicido comercial acontece mais quando uma banda se preocupa em ser comercial e então faz algo que possa sabotar a sua carreira. Nós estamos a tentar estabelecer uma carreira tentando fazer algo diferente a cada disco.

O sucesso de temas como Kids e Time to Pretend apanhou-vos de surpresa?
Não esperávamos de todo. E ainda hoje estamos espantados por toda a atenção que recebemos... Deu-nos um público e estamos felizes por isso. Houve quem dissesse que estávamos a tentar alienar esse público com este novo álbum, que estávamos a tentar livrar-nos dos fãs do momento... Não concordo nada com essa visão. Tentamos ligar-nos a mais pessoas de uma forma que faça sentido. Talvez muitos dos que ouviram o nosso primeiro álbum e nele só gostaram de Kids e Time To Pretend possam entrar nas novas canções. Queremos mantê-los e mostrar-lhes algo novo. Não estamos a tentar perder fãs...
(continua)

Wednesday, December 7, 2011

Na era digital...

Discografia Kraftwerk - 29
'Musique Non Stop' (single), 1986



Fruto de um processo longo (que determinaria inclusivamente um desfecho inesperado para o álbum que editariam em 1986) os Kraftwerk saíram do um silêncio de quase três anos que se seguiu à edição do single Tour de France com um cartão de visita para um novo álbum que revelava um ascetismo minimalista como nunca antes a sua música conhecera. Editado em single a poucos dias do lançamento de Electric Cafe, Musique Non Stop revelava um som quase despido à essência da sua matriz rítmica, pontuais notas definindo uma ténue sugestão de melodia. O single não repetiu a carreira de sucesso de algumas canções de anos recentes, mas atingiu o número um na tabela de música de dança nos EUA.



Imagens do teledisco de Musique Non Stop, explorando uma ideia de construção digital que vinca uma noção de desmaterialização e, ao mesmo tempo, de secundarização do músico (o ser humano) perante a sua criação artística.

Sunday, December 4, 2011

Novas edições: Duran Duran, All You Need Is Now


Duran Duran
"All You Need Is Now"

Skin Divers / iTunes
4 / 5

Se é lícito que aos Rolling Stones se elogie, e com razão, o “back to the basics” que ditou os rumos do mais recente A Bigger Bang ou, a David Bowie, o que o devolveu aos caminhos de um Hunky Dory nos dias de hours... ou mesmo, a Madonna, o reencontro com a "sua" Nova Iorque dos oitentas em Confessions On A Dance Floor, porque não aplicar a mesma lógica aos Duran Duran no momento em que, 28 anos depois, finalmente apresentam um disco que os devolve aqueles que foram os momentos que confirmaram a definição das linhas mestras da sua identidade. Ou seja, ao soberbo Rio, álbum de 1982 frequentemente apontado como a obra-prima do grupo (estatuto que, na verdade, deveria ser repartido com o não menor álbum de estreia, de 1981, outro daqueles raros discos cujo alinhamento não revela um único passo ao lado). Para um grupo que, apesar dos altos e baixos, e das alterações que conheceu internamente depois de 1985 (até ao reencontro da formação original e, entretanto, a estabilização no line up a quatro nos últimos anos), nunca na verdade deixou de se manter activo (e ao contrário de tantos outros seus contemporâneos nunca optando por estratégias de mera capitalização do poder na nostalgia “quarentona”), os Duran Duran são um raro caso de sobrevivência criativa entre as bandas da sua geração. Tal como o sucesso os brinda em ciclos, uns mais favoráveis, outros nem por isso, também as ideias parecem caminhar entre as melhores e as menos inspiradas nas horas de gravar discos. E ao longo dos anos pós-duranmania (período de triunfo global entre 1981 e 85) tanto nos deram o pior (Liberty, de 1990 ou Pop Trash, de 2000) como o melhor (Medazzaland, de 1997 ou Red Carpet Massacre, de 2007), estes dois últimos discos, por razões distintas, representando contudo casos em que o sucesso não reconheceu o seu potencial. Medazzaland, de 1997, foi o mais “alternativo” dos discos do grupo na década dos noventas em que uma nova geração neles encontrava uma banda apontada pelo dedo por admiradores como Billy Corgan (Smashing Pumpkins) ou Courtney Love (Hole). Mas chegou numa altura de desentendimentos e consequente divórcio com a editora que os acompanhara desde o início, o álbum não chegando sequer a ser editado na Europa. Red Carpet Massacre, onde colaboravam Timbaland ou Justin Timberlake revelava uma aproximação às linguagens pop da década dos zeros, traduzindo ainda uma antiga relação com ecos do rhythm’n’blues que sempre habitaram a música dos Duran Duran (com expressão maior em Notorious, de 1986). Contudo, à errada escolha de single de apresentação juntou-se um surdo silêncio na hora de se esperar o segundo (e certo) single (que deveria ter sido Nite Runner), o álbum acabando mais perto do massacre que da passadeira vermelha... Longe de uma grande editora, o 13º álbum dos Duran Duran chega agora sob uma expectativa criada mês após mês ora através de clips ‘making of’ postados na Internet, ora pelo entusiasmo com que Mark Ronson, o produtor, ia descrevendo os trabalhos, a ele cabendo a frase que apontava o disco como o sucessor de Rio que nunca havia sido criado. Agora que ouvimos o álbum não podemos senão dar razão a Mark Ronson. Aspesar da angulosidade contemporânea do tema-título, da recontextualização pop uma alma mais ‘disco’ em Safe (In The Heat Of The Moment) e de quase descarrilar no menos inspirado Leave A Light On, o tutano de All You Need Is Now é puro Duran Duran. Vintage nas referências colhidas na sua memória, o irresistível Blame The Machines retomando o viço de um Hungry LIke The Wolf (se bem que em regime mais electrónico que eléctrico), o belo The Man Who Stole A Leopard continuando a história onde The Chauffeur a deixara nas últimas notas de Rio... Pelo caminho há ainda novos sinais de uma antiga (boa) relação com uma noção de pop luminosa e dançável em canções como Being Followed, Runaway Runaway ou Girl Panic e uma sumptuosa balada (sem contudo os excessos de maquilhagem de estúdio dos dias de Seven and The Ragged Tiger) em Before The Rain... Guitarras e electrónicas em diálogo, melodias feitas de luz e alma pop, detalhes de filigranas para teclas e cordas (cortesia Nick Rhodes) e, cereja sobre o bolo, refrões que ninguém poderá dizer que não são “classic” Duran Duran. Com um alinhamento de nove canções (como o de Rio), sabendo-se que haverá três temas adicionais na edição física (em CD e vinil) esperada a 2 de Fevereiro, All You Need Is Now pode não repetir as ousadias de Medazzaland ou Red Carpet Massacre, apostando claramente no reencontro com ecos de uma genética que, na verdade, é a sua. Mas traz a melhor colecção de canções dos Duran Duran desde os dias de Rio. Mark Ronson tinha mesmo razão!

Thursday, December 1, 2011

Novas edições: Brian Wilson, Brian Wilson Reimagines Gershwin


Brian Wilson
“Brian Wilson Reimagines Gershwin”
Walt Disney Records / EMI Music
2 / 5

Ao olhar para a capa do disco nela vemos inscritos dois nomes maiores da história do século XX: George Gershwin e Brian Wilson, o primeiro sendo reconhecido pelo segundo como (explica o booklet) tendo sido o autor da sua mais antiga memória musical. Mas na hora de somar um mais um, o resultado está longe de ser o que, potencialmente, se poderia esperar… Este é um álbum de versões, no qual vemos Brian Wilson a, como o título sugere, reimaginar a música de Gershwin através da sua linguagem… Em teoria a ideia poderia colocar na mesa um desafio, mas na prática o que escutamos não se afasta muito de um aplicar de uma espécie de filtro que transforma Gershwin em peças de pop solarenga, de alma sinfónica e com harmonias vocais (e até parece que estamos a descrever os Beach Boys de meados de 60…). Ocasionalmente o encontro traduz-se em instantes curiosos, como quando I Got Rhythm respira uma pulsão doo wop.It ain’t Necessairly So, um pouco como a restante etapa Porgy & Bess do álbum, é de magra visão (e basta recordar a versão que os Bronski Beat criaram em 1984 para sentir como, de facto, é possível reamiginar esta canção num outro contexto pop). Há duas novidades maiores no alinhamento, correspondendo à cedência (por parte dos herdeiros de Gershwin) de dois fragmentos deixados inacabados pelo compositor aos quais, agora, Brian Wilson deu forma final. São eles The Like In I Love You e Nothing But Love You, o primeiro uma balada longe de surpreendente, o segundo em regime pop à la Beach Boys, em ambos os casos o transformador ofuscando aqui o transformado… Algo decepcionante, este é um disco de versões que, se por um lado mostra como quem as assina deve chamar a sua personalidade às canções, por outro peca apenas por não sair muito do que parece ser um terreno seguro em volta das mais recorrentes e conhecidas marcas de si mesmo, ficando aquém do que de potencialmente interessante haveria a explorar em mais profundos diálogos com as heranças clássicas e jazzísticas da música de Gershwin.